O Profeta

                 

 begemot  Alter Ego  
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                Segundo o dito popular: de poeta, professor e louco todo mundo tem um pouco. E acrescento a isso o Profeta. Sim, cada um de nós também tem um pouco disto, querendo anunciar boas novas ou incidir algumas palavras morais de aconselhamento.
                Acontece que para isso, há de haver a renúncia, o desprendimento, a prática. E nesse quesito, não passamos de profetas hipócritas, que não desce ao deserto de nós mesmos a clamar, mas que grita em praças e aturde os transeuntes, causando incômodo não pelo fato de pronunciarem, mas pela forma com que abordam as pessoas.
           Chega uma hora que os profetas acabam ignorados em suas comiserações. Profetas cansam por demasia, sobretudo estes que a falta de exemplo ridiculariza.
          Diante de tal excesso, as nossas preferências têm sido cada vez mais nos aproximarmos do que é humano, ainda que arrogante, ainda que falho, vaidoso e em processo de maturação e caminhada. Mas o Profeta não, o Profeta é um semideus, ele e suas conjecturas, ele e seus estereótipos e julgamentos, ele e suas projeções e espelhos. Ele e sua autopiedade. Precisa muito se desfazer de tantas batas e becas para que suas palavras e anúncios possam fazer algum tipo de sentido para além de vociferações desconexas.
                 Para algumas pessoas, o Profeta é seu alter ego. Lamentamos informar: não somos profetas, eles já não existem. As vozes que clamam no deserto gritam de interiores pós-modernos vazios de valores, de autoconfiança, de ética e respeito. Máscaras entre batas e becas. Inveja, dedos acusadores, vitimismo, solidão. Desespero do oco de si.
                    E em tempos de tantos (falsos) Profetas, importante mesmo é revolucionar a si mesmo e desconstruir-se de dentro para fora. Sem barulhos, sem anúncios, comedida e silenciosamente.



Ana Paula Duarte

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