Experimentações com o Inciclo
Iniciando as
postagens de 2016 numa tentativa de retomar o blog aos poucos e dentro das
minhas possibilidades, nada mais ilustrativo que começar contando um pouco
(talvez muito e com detalhes- ahaha) da minha experiência com o coletor
menstrual Inciclo.
Eis o Coletor Menstrual Inciclo ( a foto tá escura, mas na internet tem muitas fotos em boa qualidade)
Então, algumas amigas
já haviam me falado sobre o coletor, fiz pesquisas na internet, até que conheci
pessoas que deixaram o absorvente (externo e interno) de lado para fazer uso do
coletor. Dentre as muitas maravilhas narradas, entre a questão do produto (que
é patenteado) ser sustentável e se preocupar de forma diferenciada com o Meio
Ambiente, fui preferencialmente simpática ao fato de não precisar mais usar o
absorvente externo, uma vez que seu uso sempre me trouxe incômodo, como
assaduras, vazamentos, enfim, coisas que muitas mulheres enfrentam e já
enfrentaram, sem contar que mesmo tendo tentado usar o interno, achei até
pior, uma vez que a cada vez que eu precisei urinar, as coisas ficavam
terríveis e como eu trabalho viajando muito, nem sempre encontramos banheiros
adequados e com as situações de higiene que se espera.
E como não existem
coincidências, acabei conhecendo a linda da Jaqueline Almeida, que é
proprietária da página Coisas
de Brisa, que comercializa o Inciclo e outros produtos numa proposta super
bacana, e a ela confiei essa minha "iniciação". A Jaque, pessoa de
temperamento doce e tranquilo tirou todas as minhas dúvidas, até mesmo sobre se
podia mesmo mesmo fazer xixi usando o coletor ( e sim, ela disse pode...não é
LIBERTADOR? É!). Mas, mesmo perguntando, pesquisando, vendo desenhos e vídeos,
na hora de usar, todas as dúvidas vêm à tona, mas aí lembrei das experiências
das outras mulheres, das orientações e de tudo o que lemos, é quando fiquei
mais segura.
Mas
sigamos, meu Inciclo chegou via Correios, todo embaladinho. Abaixo segue uma
foto ilustrando o que acompanha: um manual bem ilustrativo para tirar qualquer
dúvidas e com informações do produto e um saquinho onde será guardado o meu
coletor. E quando chegou, eu queria que minha menstruação descesse na hora... Ela
já estava era atrasada (não, não estava... rs), só para eu poder experimentar,
contar e repassar essa minha nova descoberta.
Acompanham a caixinha o manual e o saquinho para guardar
O manual
E lógico que antes de desbravar o coletor no meu corpo, fui
desbravar o produto e suas curiosidades, que são informadas de modo bastante
claro no manual. O coletor é um copinho de silicone super flexível, que deve
medir uns sete centímetros (com a haste) e que pode ser escolhido em dois
tipos. O meu foi o tipo B, indicado para mulheres com menos de 30 anos e que
não tiveram filhos. O tipo A é indicado para as mulheres com mais de 30 ou que
já tiveram filhos, sendo de parto normal ou cesariana.
O "copinho" é super flexível e confortável...só não é acessório de nariz...risos
Foi quando chamei minha mãe pra contar a novidade e mostrar
a ela o coletor. E ela fez aquela cara feia das mães que sempre ficam inseguras
e com raivas das “novidades modernosas” das filhas e me disse: “Essa PESTE vai
te causar infecção.” Lógico que NÃO causa infecção nenhuma...sem contraindicações. Eu fiquei com raiva e tentei respirar, mas soltei
devolvendo: ”Algum dia, em algum lugar, alguma mãe deve ter chamado o
absorvente convencional de peste ou até dito que era bruxaria. Sou de vanguarda,
mainha!” Lógico que não falei em tom delicado, mas depois tratei de mandar uns
links para o whatsapp dela, pra ela ir lendo, conhecendo e acostumando. Depois
também refleti que essa é uma reação natural, afinal não estamos acostumadas a
entender que se na nossa vagina entra um pênis e demais objetos eróticos e
inclusive sai um bebê, um coletor menstrual é fichinha. Tudo ligado a nossa
vagina é muito regrado e muitas vezes demonizado, nós não podemos nos esquecer
que o corpo é nosso!
Passada essa fase, fiquei esperando a menstruação. E quando
ela chegou eu fiquei toda atordoada com os nomes técnicos do manual (tipo, onde
é mesmo que fica minha vulva? kkkk) e lá fui incursionar o coletor, conforme
explicação do manual, em meu corpo, ou melhor, na minha vagina. Foi aqui que
comecei a viajar sobre como os corpos das mulheres são vigiados e como nós
conhecemos tão pouco deles, como fomos educadas para não tocar, desbravar,
enfim...Sei que tenho desconstruído isso a cada dia, entendendo que a educação
que recebi é reproduzida e incentivada com a intencionalidade de nos mutilar de
muitas formas. E é justamente por saber disso que a cada dia busco me conhecer
e afirmar isso como ato político (até mesmo o fato de estar aqui agora descrevendo
uma experiência pessoal), quebrando mais um tabu besta.
Nas três tentativas de colocar o coletor, encaixei certinho
na quarta, em que o dobrei na forma de “u” e fui soltando aos poucos no canal.
No manual dizia que eu poderia cortar a haste caso incomodasse, mas preferi não
cortar para facilitar na retirada. A colocação não foi incômoda, fui tateando
mesmo. Afinal, o nosso corpo não é secreto a nós (ou ao menos não deveria), não
é?
Para o momento da retirada, fiquei apenas oito horas com o
coletor pois já estava na expectativa da retirada, quando o manual avisa que
pode ficar até 12 horas com ele, dormir, praticar esportes, enfim. Só de saber
que não vou mais ter que aguentar a aba de um absorvente assando a minha
virilha, já sinto a liberdade, entre tantos outros benefícios que irei sentindo
aos poucos, visto que essa é uma experiência ainda tão nova para mim, mas que
já vale a pena compartilhar, pra encorajar as minas, as tias, as primas, enfim,
todas as mulheres.
Mas,
voltando, porque eu sempre fico passeando na escrita, quando fui fazer a
retirada no banheiro me preparei para fazer uma verdadeira “meleca”, uma ideia
muito naturalizada que fazemos da nossa menstruação, mas nem foi. Simplesmente
me abaixei, segurei a haste, fiz um giro nela lá dentro e fui puxando. Não
houve vazamento. Mesmo! E olha que o manual indicou que eu usasse o absorvente
externo até que sentisse segurança, só que eu não quis mesmo voltar a usá-lo,
nem sendo aquele em tamanho mini. Depois da retirada, joguei o conteúdo no vaso
sanitário, dei a descarga e fui para o chuveiro lavar o coletor. Lavei só com
água porque aqui em casa estava sem sabão neutro, sequei com uma toalha exclusiva
e recoloquei, simples assim.
Meus
próximos procedimentos serão depois separar uma panela que vai ficar exclusiva para
meu coletor e irei ferver o mesmo por uns cinco a seis minutos, enxugar
direitinho com a toalhinha e armazená-lo no saquinho que veio junto com a
embalagem.
Estou
fazendo o uso do Inciclo há dois dias e tenho me sentido bem segura, sem nenhuma
restrição, sem nenhuma dor. Avaliando o uso, para mim muito melhor que o
absorvente. Já fazia um tempo que para dormir eu estava usando o artesanal, que
é tipo um pano e, por algumas vezes, chegou a vazar. Eu detesto quando vaza, me
dá muita agonia, então me senti tranquila com o Inciclo. Então, logicamente
recomendo demais o uso, por todos os motivos já citados. Financeiramente é
super viável, não fiz a conta de quanto estou economizando no valor de compra
dos absorventes, mas para mim foi um bom investimento, o Inciclo custa R$ 80,00
reais e tem a durabilidade média de 2 a 3 anos a depender de como iremos
manipular e higienizar.
E
é isso minas, o Inciclo para mim é liberdade, empoderamento, descoberta...Que
possamos experimentar, pois!
Ana
Paula Duarte
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Fanny