Um texto positivo, eu juro

Eu ando tão cansada das retrospectivas...Daquilo que é o óbvio, o comum, o que agrega valor quando tem fila, quando vira norma, obrigação e imposição.
Basta!
Quero a prosa livre de minha vida.
Dias de sol num verão tranquilo. Eu me cansei de tudo aquilo: multidões, bebedeiras, sexo, drogas e rock and roll (essa parte eu me cansei menos).
Tudo porque todo final de ano é esta mesma agonia.
Vamos à rua, aquela correria. Vamos ao shopping, é preciso lembrar das pessoas, dar-lhe presentes e compensar a distância do ano corrente.
Depois, compremos um bom vinho, panetones de marcas famosas, por favor!
E lembrem-se de presentear o seu (sua) amigo (a) secreto (a) com um presente que você gostaria de receber.
E depois teremos: promoções, peru, comparações e convenções.
E ainda, depois do depois,  poderemos ir a uma loja comprar as vestimentas que usaremos neste rito de passagem.
Mas será mesmo que este início do solstício de inverno merece tudo isso?
Verão, férias, ano novo, expectativas, vida nova.
Vejam só: que maravilha!
De tudo lembramos, mas falta uma coisa: sentido!
Falta o verdadeiro natal, talvez nunca tivemos um natal genuinamente brasileiro...
Falta a verdadeira reflexão sobre a mensagem de Jesus Cristo, mas também concordo que esta mensagem, assim como tantas coisas neste rito, deveriam ser para os demais 364 dias do ano.
A verdade verdadeira é que todos precisamos. Reavivar os planos.
Vestir branco pela paz. Pular ondas por precaução, comer peru na ceia de natal.
E eu, bem, eu também preciso. Mas, sobretudo, preciso refletir se é mesmo necessário todo o ritual.
Será mesmo que devo ter expectativas nesse fronteiriço 2014/2015?
Será mesmo que este precisa ser o ano decisivo em minha vida? Ou então será mais um acúmulo de frustrações e desejos não realizados para administrar e mais gastos em psicanálise?
Por que para ser eu preciso ter e por que importa tanto o reconhecimento das demais pessoas?
Não. Este ano eu não quero fazer retrospectivas, nem pedir nada que não seja vida e saúde, nem quero expectar nada...Nada mesmo.
E não é que eu não tenha planos.
Mas não quero dar vazão à essa correria para tudo, ao excessivo planejamento.
Que venha o corriqueiro ou não, que venha a surpresa ou não, que venha a vida incisa!
E que eu me preocupe mais em admirar a passagem, do que ficar olhando para o caminhar dos outros (as), com medo de ficar para trás n'alguma passada.
Fácil isso? Não. A nossa sociedade não nos preparou para isso.
Eis um desafio.
Daqui a pouco já é natal, depois chegará o réveillon e no dia seguinte chega 2015.
Se eu acreditasse em elfos, papai noel e fadas, eu acreditaria mesmo que nesta fração de tempo tudo mudaria...Mas a vida não é pragmática...
E este não é para ser um texto negativo. A positividade está no convite para a reflexão.
Chega de colecionar frustrações e reproduzir ano a ano o que o sistema nos ensina.
Eu quero subverter. A mim mesma. A cultura. Ao capitalismo. A tudo aquilo que é frio e calculista.
Mais sentidos. Temos cinco, porém creio que precisemos exercitá-los com vistas à potencializá-los.
Eu posso estar falando besteira possivelmente, pode ser o efeito da cachaça de jambú que anestesiou meus lábios.
Mas assim também reflito o mundo.
Bêbado, tosco, dual.
Eu me peguei escondendo meus sonhos por medo do mal olhado. Que covardia imbecil!
Se quem está ao meu lado me deseja mal, em quem mais eu posso confiar?
Paranoia pós-moderna.
Tem nos ensinado que é mais fácil caminhar sozinho e em silêncio.
Não me acostumo.
Quero música, ruídos, risos estridentes e mãos dadas.
Abraços verdadeiros de longas durações.
E mais que isso, que a inclusão daqueles que não são gente durante a grande maioria dos dias anuais deixe de ser delimitada a dias em que a sociedade, para fazer bem a sua própria consciência, delega que é dia de fazer uma boa ação para os pobres e oprimidos (mal sabem que o são).
Que a hipocrisia deixe de ter uma data oficial.




Imagem do google



Aníssima

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