L'âge d'or¹
“E a colombina só quer um amor
Que não encontra num braço qualquer
Essa menina não quer mais saber de mal-me-quer.”[2]
Que não encontra num braço qualquer
Essa menina não quer mais saber de mal-me-quer.”[2]
Não sei se sou a Colombina, o Pierrot ou o Arlequim. Acho
que por tantas vezes me intercalo sendo os três com suas características mais
latentes e, ademais, eles aparecem concomitantes, perturbando meus comportamentos
e minhas aspirações amorosas.
Sei que de fato minha vida se assemelha a Commedia dell'arte com
toda pompa e circunstância necessária. Como o triângulo, também me faço serviçal
do amor, seja ele em ‘pragma’, ‘ágape’ ou ‘philia’, por vezes é também o ‘eros’ e
ainda como eles por vezes pareço falar latim, ou buscar o inatingível
e o inalcançável.
Sou uma pierrete nata: por vezes me
lamento, sofro e amo uma Colombina que mais parece o Pierrot, motivo de piada. Mas não sou de todo boba, tenho meus momentos safos, e, assim, emerge o Arlequim de mim, malandro,
divertido, desaforado e acrobático (ahaha). Contudo, não perco de vista a feminilidade
da Colombina, a graciosa dama romântica que desperta o amor e o desejo. Por que
não podemos ficar com ambos? (Daí surge uma delícia de reflexão que pode servir
de tema para outras conversas, risos).
E se estou comparando a minha forma
de amar com um espetáculo, é que de fato não faltam expectadores e muito menos
clímax, sendo sim um entretenimento interessante. Mas vamos a reflexão séria de
tudo isso: eu sou três em um, não tenho multiplicado, ou, sequer interagido com
outro sujeito...Nada de Pantaleão, nem do Capitão, ou do Doutor...O sonho dessa
miscelânea humana é um mister, uma ‘sorpresa’.
E,
finalmente, talvez, deseje alguém com essa tríade de personalidades. Já que me
enamorei do Pierrot, mas a monotonia nos alcançou e toda a paixão esfriou. Também envolvi-me com um certo Arlequim
que brincou com o meu coração. Enfim, cheguei à conclusão de que amar não é
problema para mim, mas, acabo descobrindo que não sei ser amada, pois quando
sou, parece que aplico com êxito a máxima da autossabotagem.
A
vida imita a arte, a arte imita a vida e eu continuo aqui a sonhar só. Agora
sem o Pierrot, sem o Arlequim e sem muita predisposição para me enamorar da
Colombina. Não espero um milagre vindouro, apenas me abstenho do clichê mais do mesmo
e sigo fazendo minha teia de relações fora do padrão ‘normal’ existente. Confuso,
complexo, diverso e uno.
Ana
Paula Duarte- em confabulações mais minhas do que nunca!
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