Autenticidade e revolução


"Eu creio que a primeira coisa que deve caracterizar um jovem comunista é a honra que se sente por ser jovem comunista. Essa honra que o leva a mostrar-se a toda gente na sua condição de ser comunista, que não o submete à clandestinidade, que o não reduz a fórmulas, mas que ele manifesta em cada momento que lhe sai do espírito, que tem interesse porque é o símbolo de seu orgulho. Junta-se a isso um grande sentido do dever para com a sociedade que estamos construindo, para com os nossos semelhantes como seres humanos e para com todos os homens do mundo. Isso é algo que deve caracterizar o jovem comunista. Paralelamente, uma grande sensibilidade a todos os problemas e uma grande sensibilidade em relação a justiça." Ernesto Che Guevara


A leitura desse discurso de Che sobre a caracterização de um jovem comunista me remete a um episódio há um tempo atrás, em que uma pessoa riu de mim e disse que eu jamais poderia ser comunista, que isso definitivamente eu não era. Não dei trela a pessoa porque nunca me classifiquei como tal, aliás, tal comentário esfriou minha relação para com a mesma, pois fiquei pensando em que tipo de imagem ela fazia de mim. 
E agora lendo o texto, vejo que, definitivamente eu não poderia jamais não ser comunista! Talvez, não tão bem fundamentada e embasada em discursos...Mas, como integrante e  filha da classe trabalhadora, eu não poderia jamais fugir, renegar ou camuflar a minha sede.
E me vejo em cada linha destas palavras de Che! E vejo muitos seres humanos...O problema é que os discursos intelectuais da Academia atrelados à facilidade do comunismo de discurso e de estilos e caracterizações fez com que fossem criados estereótipos para os simpatizantes e atuantes do comunismo.
Grita em mim um inexorável senso de justiça que não é calado ou camuflado! Juntamente com a coragem de ser quem sou, sem melindres, máscaras e facetas. Vivo a minha realidade e é através da minha prática que o comunismo surge todas as manhãs, materializado por minhas ações com intensões sérias de mudar a realidade ao meu redor, de ajudar as pessoas e empoderá-las!
Não preciso não me depilar (tou quase aderindo a não-depilação), não tomar banho, não ter minha marra, ou não usar maquiagem, não gostar de cuidar do meu corpo e de mim, para que alguém me classifique através da aparência- E sei que comunista não é sujo e desleixado com sua higiene, o que qualquer criatura pode ser, independente de ideologias, a aparência é só mais um artifício...Vai aí mais um pouco de preconceito e estereótipo capitalista...
A identidade pós-moderna se fragmentou e se encontra assim, cheia de guetos, de especificações.
A gente se prende a nomenclaturas e aparências, a tanta superficialidade, quando a mensagem é uma só, de solidariedade, de luta por justiça e igualdade.
E nisto, penso que todo o ser humano nasceu comunista, é o sistema que atravanca essa evolução (basta olharmos o histórico das sociedades primitivas), é o egoísmo, são as relações de poder e a hipocrisia que nos faz desandar destes caminhos rumo à igualdade.

E eu preciso mesmo terminar estas linhas com mais uma frase de Che, que só endossa o que eu tentei explicitar aqui:



"Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros."



Ser comunista não é nada mais do que ser companheiro. Eu conheço vários e eles não se fazem apenas na Academia!



Ana Paula Duarte

Comentários

PAULO TAMBURRO. disse…
ANA PAULA,

sou seu mais novo seguidor e creia estou absolutamente honrado por isto.

Um ser humano é aquilo que sua ideologia,dita.

Um ser humano pode, aquilo que,sua convicção determina.

Um ser humano é cada vez mais útil a sociedade,quanto ele deseje ser.

Assim, eu a estou vendo agora,uma ideóloga de determinadas convicções e desejando ser útil a sociedade.

E se é assim, estamos juntos e misturados.

Um abração carioca e muito obrigado por estar no meu blog.

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