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Mostrando postagens de agosto, 2008
"Antes bobagens sem responsabilidades eram nossas felicidades. Hoje, responsabilidades sem bobagens são os motivos das nossas felicidades." Wagner Lobo
Escrever é como parir. A mulher engravida, nasce-lhe o rebento. Ela cuida até que ele emancipe-se. Assim é a escrita: O escritor engravida de sua idéia, desenvolve-a, Até que nasce o texto, as palavras se despegam dele, Voam para o mundo... Fonte maior de inspiração. Portanto, os créditos são dos diversos seres e suas histórias, gestos e contextos. Bela miscelânia que compôe a vida. Ana Paula Duarte [Eu em um papo virtual com Wagner, para quem dedico, afinal, foi tentanto lhe explicar como se dá o ato da escrita, que novamente engravido...]
"(...) em mim, a anatomia ficou louca, sou todo coração"! Maiacovisky, revolucionário russo que também era poeta.

O vento

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Nas madrugadas frias e também nas de calor O vento da noite me chega com lembranças suas... Já não me assusto, já nem questiono e nem amedronto. Nada voltou a ser como era. Por mais que se tente parecer racional e calculista, A s lembranças chegam absolutas E já não me causam dor... Me causam revolta, nostalgia, revolta, nostalgia. Nesse ciclo de sentimentos faltou a coragem. E essa é tudo o que eu não tive. Resta-me a certeza de que nada ficará como antes... Nem meus sentimentos, nem a minha respiração, nem os valores. Você existiu um dia, melhor se não o tivesse, Mas o passado não se muda...resta-me um futuro de evolução. Resta-me lembrar nas madrugadas... O quão importante um dia foi O quão insignificante é, Tornando-se vivo apenas nas madrugadas. As lembranças que te trazem e não eu. O meu amor um dia tornou-se ódio, Que logo tornou-se algo inexplicável...inerte. Subentendido...hoje em mim desconhecido. Ana Paula Duarte

Doçura

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Há em mim doçura? Encontrará alguém em mim doçura? Ou sempre fel desatinado e agoniado por amargar ? A minha doçura ninguém conhece... Talvez exista, talvez inexista... E se for, será ambígua. Será falha, será mesclada das doçuras mundanas e divinas... Afinal sofro influências do mundo e de Deus. Ainda não alcancei o céu Quem sabe um dia? Por hora sigo indagando-me se haverá em mim doçura Qualquer tipo de doçura. Ana Paula Duarte
Aos companheiros acadêmicos.      Quando entrei na Universidade, imaginei encontrar ali um ambiente diverso,  um espaço que refletisse a universalidade, que ali eu aprenderia as grandes coisas da vida. Um ano e meio depois, enxergo tudo mais claro e diferente. A universidade é falha, pois faz parte de todo um sistema, inclusive de interesses políticos e sociais. Seu objetivo não é sempre a transformação, mas a manutenção do que está posto. As coisas da vida que achei que aprenderia na academia, essas, só posso mesmo aprender com a própria vida.      Outra coisa que aprendi durante esse tempo é sobre os pseudo-intelectuais. Estes seres são responsáveis por promover a arrogância e a prepotência. Enfadam-se na leitura de livros(muitos só fingem lê-los), zombam de outras pessoas, se escondem atrás de um diploma, mas, na universidade da vida, não passam de tolos, todos uns fracos e inseguros.      O que tenho aprendido desde que entrei na universidade, é que, como profissional, só eu po
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"Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. (...) Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva. Não estou me referindo a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase possível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada... Lembrando-me agora com saudade da dor de escrever livros." Clarice Lispector. A Descoberta do Mundo.

A verdadeira arte

Na tentativa de desenhar meu porvir rabisco traços ensolarados, desenho infantil:braços distorcidos,olhos desmedidos... Só então percebo quão imprecisos são meus quereres derramados e delicadamente abandono o pincel. Aos pés antes descalços surgem dedos burilados, das telas brancas gotas vermelhas. Poso resvalada, espero ansiosa. Sinto uma expectativa quase ingênua como se desenrolasse o papiro dos segredos mais sonoros; E perpasso por aquelas formas... Em vários planos se dava aquela feitura, Ponteiros soltos, gente passante, Palavras de amor e respostas rasgadas Misto de regozijo e sacrifício, E eu aspirante a sândalo. Tentei agradecer, Balbuciei frases, espelhei gestos... Em vão! Foi então que chorei. De minha expressão copiosa surgiu um abraço e num lampejo eu o amei. Amei com o amor que ele me deu, Amei deveras, amei e só. Não fiz perguntas: amei Não sustive reservas: amei Sem racionalidade: amei Sem um por que: amei. Artista maior, homem amado, Espero-te

Flor

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Por que sempre esperamos mais dos outros? Por que a pétala de uma flor é tão frágil? Por que as relações inter-familiares estão difíceis? Por que entre o amor e o ódio há um fio tênue que perpassa diversas vezes, feito um país sem guarita em fronteira? São perguntas que me faço sempre...já aqui não impera o meu eu lírico E sim meu eu curioso por respostas que nunca vêm... Tanta coisa muda, mas acaba que na verdade nada muda! Uma amiga me falou que a vida não está sendo fácil pra ninguém. Mas, percebendo a pétala da flor Vi que ainda frágil, o vento a balança, a sacode de um lado a outro, mas ela resiste e não deixa de ser frágil. Talvez eu seja a pétala de uma flor. Talvez você também seja. Mas tudo é tão indefinido e eu só queria ser mais forte... Uma pétala de ferro...dura e sensível, um paradoxo fundido! Sou flor de carne e osso. Ana Paula Duarte

Com o mundo nas mãos

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Bernardo tem cinco anos, mas já sabe da existência do Japão. E aponta para o céu com o dedo:- É atrás daquele teto azul que fica o Japão?Tenho de explicar-lhe que aquilo é o céu, não é teto nenhum. (...)Na primeira oportunidade compro e trago para casa um mapa-múndi. (...) O menino não lhe deu muita importância, quando apontei nele o Japão e a Inglaterra, o Brasil, os países todos. Limitou-se a faze-lo girar doidamente, aos tapas, até que se desprendesse do suporte de metal. Consegui convence-lo a ir destruir outro brinquedo, o secador de cabelo da mãe por exemplo, que faz um ventinho engraçado – e assim que eu me vi só, tranquei-me no escritório para apreciar devidamente a minha nova aquisição. Com o mundo nas mãos, descobri coisas de espantar. Descobri que a Coréia é muito mais lá pra cima do que eu imaginava – uma espécie de penduricalho da China, ali mesmo no costado do Japão. (...) A Tasmânia não tem. Pelo menos não encontrei. (...)Duvido que alguém me diga onde fica. A que aventu

A Ascendência da Alvorada

Na ascendência da alvorada ao despertar dos sonhos Que abrem as comportas para a realidade A vontade de lutar sobrepõe-se as constantes afrontas Que surgem do mais profundo do oceano da alma Cicatrizes que teimam em aparecer demonstrando as marcas do coração Sopro divino invade o peito te levando ao êxtase da maravilhosa graça Suspiros de anjos se ouvem como um hino Renovam tuas forças e presenteiam com novas asas Morphinnus(Gutoo, eu lírico talentosíssimo!)
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O estudo da gramática não faz poetas. O estudo da harmonia não faz compositores. O estudo da psicologia não faz pessoas equilibradas. O estudo das Ciências da educação não faz educadores. Os educadores não podem ser produzidos. Educadores nascem. O que se pode fazer é ajudá-los a nascer. Para isso eu falo e escrevo: para que eles tenham coragem de nascer." Rubem Alves